Stella Pacheco dialoga com a plateia sobre o material

 

Durante toda a manhã desta terça, dia 28 de julho, o Teatro Antonieta Noronha se tornou palco para o lançamento do Mapa e DVD do projeto “Conexões Cartográficas da Memória”. Para além do produto final, que será utilizado como gatilho para discussões acerca dos resquícios do período da Ditadura em Fortaleza, o Coletivo Aparecidos Políticos fortaleceram ainda mais a necessidade de se fazer justiça quanto à memória do período.

Estiveram presentes, na manhã de lançamento, estudantes e professores da Escola de Ensino Médio Adauto Bezerra, os integrantes do Comitê Memória, Verdade e Justiça do Ceará, Valter Pinheiro e José Machado Bezerra, o titular da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas dos Direitos Humanos do Governo do Estado do Ceará, Dimitri Cruz, o representante da Secretaria Municipal de Cultura de Fortaleza (Secultfor), Lenildo Gomes, o vereador Evaldo Lima, o advogado Marcelo Uchôa, dentre vários interessados na temática.

A abertura da solenidade ficou por conta do representante da Secultfor e Coordenador da Criação e Fomento, Lenildo Gomes, que reforçou a importância do material lançado pelo Coletivo Aparecidos Políticos para a memória de Fortaleza. Stella Pacheco, advogada e uma das integrantes do Coletivo, também dialogou sobre o projeto relembrando intervenções produzidas pelos Aparecidos Políticos, dentre elas o próprio rebatismo da Av. Pres. Castelo Branco para Av. Leste Oeste.

Inscrito no I Edital de Concurso Público Programa de Residências e Intercâmbio, promovido pela Prefeitura de Fortaleza, por meio de sua Secretaria Municipal de Cultura (Secultfor), o projeto se consolida como uma verdadeira cartografia de espaços públicos, dentre eles fóruns, logradouros, equipamentos municipais, escolas e até creches, que ainda trazem consigo homenagens e honrarias a colaboradores da Ditadura Militar.

Dimitri Cruz, titular da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas dos Direitos Humanos do Governo do Estado do Ceará, parabenizou o coletivo por “ter a coragem de ser uma das pontas de lança da discussão sobre a memória e à justiça no estado do Ceará”. De acordo com Cruz, o Coletivo representa extremamente bem seu papel na área da intervenção urbana, despontando em meio a uma realidade de retrocesso político brasileiro em comparação a outros países sulamericanos. Quanto aos resquícios da Ditadura, “enquanto Estado e município a gente tá fazendo um pouco do muito que a gente devia fazer”, reforçou.

O vereador Evaldo Lima dialogou sobre o lançamento e reforçou que a solenidade seria também um momento de comemoração pelo que a própria palavra se propõe: memorar. Abordou o artigo publicado por Alexandre Mourão, integrante do Coletivo Aparecidos Políticos, no Jornal OPovo, destacando que “a ideia essencial [deveria ser] mudar o Mausoléu Castelo Branco para o memorial da resistência”.

Já o advogado Marcelo Uchôa reforçou que o “trabalho do Coletivo Aparecidos Políticos é um trabalho fundamental, porque não se trata de pedir desculpas às famílias e aos torturados, mas de pedir para o Brasil a verdade”. Também com relação ao Mausoléu Castelo Branco, destacou que a luta pela mudança no nome não seria justa, seria o mínimo. “Nós não temos o direito de contar mentira pro estudante brasileiro”, finalizou.

Valter Pinheiro, integrante do Comitê Memória, Verdade e Justiça do Ceará, também enalteceu o trabalho dos Aparecidos Políticos, reforçando que estão colaborando com este momento da história. Em sua fala, fez críticas ao Relatório da Comissão Nacional da Verdade por considerá-lo incompleto em não requerer punição. “A comissão parou por aí. Nós, dos Comitês, estamos empenhados em pedir a punição para os torturadores!”, destacou.

Ao final, envoltos às palavras de ordem iniciadas pelos estudantes da Escola Adauto Bezerra, os presentes puderam homenagear a memória do desaparecido político Bergson Gurjão, além de saudar familiares, amigos e presos políticos anistiados presentes no momento. Em seguida, todos foram convidados a conhecer o Memorial da Resistência: Arquivo das Sombras, presente na Secultfor, cujo espaço foi utilizado como centro de torturas pela Polícia Federal no período da Ditadura.

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