Integrantes do Arte Callejero, grupo de Buenos Aires que existe há 15 anos, realizam atividades em Fortaleza em memória às vítimas da ditadura
O Brasil rememora hoje os 49 anos do golpe de Estado que, em 1º de abril de 1964, destituiu o então presidente João Goulart e levou os militares ao poder. Tinha início uma das épocas mais controversas da história do País, lembrada, ao mesmo tempo, pelo “milagre econômico” e pela perseguição política. Nesta semana, atividades em Fortaleza chamarão a atenção para os crimes da ditadura. Ativistas da Argentina, país que nas décadas de 1970 e 1980 também viveu “anos de chumbo”, estão na capital para debater a memória do período.
O grupo Arte Callejero (arte de rua, em tradução livre), de Buenos Aires, junta-se aos cearenses do Aparecidos Políticos para lançar o dossiê Ditaduras na América Latina e debater as formas como Brasil e Argentina tem tratado o tema. No momento em que a presidente Dilma Rousseff (PT) cobra mais agilidade da Comissão da Verdade, a integrante do Arte Callejero Lorena Bossi lembra que, no país “hermano”, há militares acusados de tortura presos em cárcere comum. Desde o governo de Nestor Kirchner (2003), o Estado argentino tem se manifestado publicamente contra a violação de direitos humanos na época da ditadura.
A Comissão da Verdade, criada pelo Governo Federal há um ano, não possui caráter punitivo, mas se propõe a “esclarecer” crimes cometidos. Os avanços na responsabilização de torturadores são considerados pífios. “Há poucas pessoas trabalhando sobre período muito longo da história do País. O prazo apresentado pelo Governo (dois anos) é muito curto para se descobrir todas as verdades. Não há o que comemorar”, opinou um dos integrantes do Aparecidos Políticos, Alexandre Mourão.
A escolha do papa argentino Jorge Bergoglio reacendeu o debate no país onde a cúpula da igreja foi considerada cúmplice dos crimes da ditadura. “Para nós, que estamos na luta por direitos humanos, é um retrocesso ter um papa como Bergoglio”, afirmou Lorena. Na capital cearense, ela e a irmã Vanessa Bossi, também integrante do Arte Callejero, farão debate sobre as experiências da ditadura militar na Argentina e no Brasil.
Quando
ENTENDA A NOTÍCIA
A ditadura militar começou com o golpe de 1964, quando as Forças Armadas derrubaram o governo do presidente eleito João Goulart. O período terminou em 1985, quando José Sarney assumiu o cargo de presidente.
SERVIÇO
Hoje, às 15 horas
Lançamento do dossiê Ditaduras na América Latina e mesa redonda sobre Comissões Universitárias da Verdade. Local: auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Amanhã, às 19 horas
Mesa redonda sobre “Experiências da ditadura militar na argentina e no Brasil. Local: Campus do Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Quarta-feira, às 17 horas
Mesa redonda sobre “Comissão da Verdade: limites e perspectivas”. Local: Campus do Itaperi da Uece.
Quinta-feira
13h30min, cineclube. Local: Videoteca da Unifor.
17 horas, oficina de escracho e intervenção urbana. Local: Campus do Itaperi da Uece.
Comentários
Na quinta-feira na videoteca da unifor será um debate? Ou algum documentário?
Oi Hanna. Se exibirão vídeos registros das atividades tanto do Grupo Aparecidos Políticos como do Grupo argentine Arte Callejero, seguido de um debate a respeito das temáticas em torno das ditaduras militares, assim com arte ativismo e direito à memória.