Festival 11/06/2012

Geração debate

Passagens da ditadura militar no Brasil serão relembradas hoje e amanhã, nurse com a exibição dos documentários Condor e Hércules 56. A atividade integra o I Festival Cinema pela Verdade, que vai passar por 81 universidades de todo o País

Em meio a uma produção de mais de 300 filmes (longas-metragens, curtas e documentários) sobre o período da ditadura militar no Brasil (1964 -1984), cinco estão rodando as 27 capitais brasileiras em exibições abertas ao público. Eles integram a programação do primeiro festival “Cinema pela Verdade”, que chega a Fortaleza hoje, com a exibição do documentário Condor (2007), a partir das 18h30min, no Auditório da Faculdade Cearense (FAC). Amanhã, será a vez de Hércules 56 (2006), no mesmo horário e local.
Realizado pelo Instituto Cultura em Movimento (ICEM), através de um edital da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o projeto prevê ainda a realização de debates com convidados e realizadores das obras. Por aqui, quem participa das discussões no primeiro dia são os professores do curso de Direito da FAC, Péricles Chaves e Valdir Cavalcante, e a professora Mirtes Nogueira, ex-presa política, encarcerada na prisão aos 17 anos. Amanhã, o debate sai da questão jurídica e adota como tema norteador a “arte como forma de poder e alienação das massas”, discutido por Marcos Venícius, integrante do Grupo de Artes Aparecidos Políticos, e Lenildo Gomes, coordenador da Escola de Audiovisual da Vila das Artes.
Ao todo, o projeto vai passar por 81 universidades espalhadas pelas cinco regiões brasileiras. Além dos documentários Condor, dirigido por Roberto Mader, e Hercules 56, de Silvio Da-Rin, o Cinema pela Verdade selecionou também Cidadão Boilsen (2009), de Chaim Litewski; Diário de uma Busca (2010), de Flavia Castro; e Uma longa Viagem (2011), de Lucia Murat. Embora com diferentes abordagens, todas as produções trazem histórias sobre o período da ditadura militar e suas consequências.

A ideia da mostra é fomentar as discussões acerca dos “anos de chumbo” no Brasil, informando e estimulando jovens da atual geração a conhecerem um pouco do passado recente do País, que até hoje tem suas marcas impregnadas no corpo e na memória de quem viveu aqueles dias. Para isso, os organizadores selecionaram e treinaram 27 jovens, um em cada capital, para atuarem como mobilizadores do festival e conduzirem as ações no seu estado.
Em Fortaleza, o mobilizador é o estudante de filosofia Tiago Pedro, 25, um entusiasta do cinema que acredita na arte como um meio de envolver o jovem mais facilmente nas discussões políticas e sociais do País. “Já tem uma juventude atuando, pensando e refletindo sobre isso. O cinema está ajudando muita gente a refletir. Não só a juventude, as crianças também são mais tocadas através da arte do que pelo discurso oficial”, diz.

A aposta é também a dos organizadores do festival. “Uma das finalidades do cinema é fazer refletir, fazer você parar para pensar. Também é uma forma de educar. Os filmes que trazemos são novos e com filmes interessantes, tem uma procura maior dos jovens”, aponta Marcela Martins, assistente de produção do ICEM. “Um festival que se intitula Cinema Pela Verdade logo de cara anuncia os princípios que o norteiam. Primeiramente, a ideia de que o cinema, mais do que entretenimento, é uma forma de arte que pode, e deve, gerar debates sobre a nossa história e a nossa sociedade. Portanto, assistir um filme também é um ato político”, avaliou Adriana Facina, orientadora pedagógica do projeto, na página de Facebook do projeto.

SERVIÇO

I Festival Cinema pela Verdade

O quê: exibição dos documentários Condor e Hércules 56, seguidos de debates

Quando: hoje (11) e amanhã (12), às 18h30min

Onde: Auditório da FAC – anexo 2 (Avenida João Pessoa, 3884 – Damas)

Entrada gratuita.

Outras informações: 8888 1984/ www.facebook.com/FestivalCinemaPelaVerdade

Sinopse

Condor (Brasil/2007)

Documentário, 103 min. Dir. Roberto Mader.

Condor foi o nome dado à operação coordenada pelas ditaduras sul-americanas, instaladas no Brasil, no Uruguai na Argentina e no Chile. Através da Condor, eram trocadas informações e prisioneiros e coordenava-se a repressão política no continente, com apoio direto dos EUA. No documentário, Roberto Mader conta histórias de pessoas que foram diretamente atingidas pela operação.

Hércules 56 (Brasil/ 2006)

Documentário. 94 min. Dir: Silvio Da-Rin

Em 1969, o embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, foi sequestrado. Em sua troca, foi exigida a divulgação de um manifesto revolucionário e a libertação de 15 presos políticos, que representam diversas tendências políticas que se opunham à ditadura militar. Banidos do território nacional e com a nacionalidade cassada, eles são levados ao México no avião da FAB Hércules 56. Através de entrevistas com os sobreviventes os fatos desta época são relembrados.

Fonte:

http://www.opovo.com.br/app/opovo/vidaearte/2012/06/11/noticiasjornalvidaearte,2856023/geracao-debate.shtml

 

 

 

Deixe um comentário